Nasci em 1975, em Itapeva. Sou o segundo de quatro irmãos. Minha mãe Salvina (in memoriam), era costureira, e meu pai, operário de uma fábrica de cimento. Logo aos 6 anos já fui para a escola, numa época em que desde o início íamos sozinhos, criando responsabilidades desde cedo.
Logo vi que tinha tino para os negócios. Minha mãezinha fazia geleia, e eu ia na frente da escola vender. Por volta dos 10 anos, comecei a vender picolé e, depois, comprava sonhos (massa de trigo com goiabada) da minha tia e revendia no bairro.
Aos 12 anos, cheguei a trabalhar em uma loja de móveis. A dona saía e me deixava sozinho para atender. Olha a responsabilidade que eu tinha! Aos 13 anos, fui trabalhar em uma banca de jornal na praça principal da cidade. Ali, já sabia dar o troco certinho – não que antes eu não soubesse, mas já estava mais experiente (risos).
Foi aos 14 anos que realmente tive contato com roupas. Nessa idade, entrei em uma fábrica de costura. Comecei trabalhando no arremate, onde tirávamos as sobras de linha. Depois, um amigo pediu para o dono me mudar para a dobra de calças. Fiquei ali um tempo, mas sempre quis aprender a costurar nas máquinas industriais.
Passado mais um tempo, esse amigo começou a me ensinar a travetar (fixação do passante da calça) em uma máquina chamada travete. Fui pegando gosto pela costura e aprendendo a usar outras máquinas industriais. Fiquei ali por algum tempo, mas sempre pensando em montar um negócio no ramo de costura.
Como tinha sangue de empreendedor, ia até Sorocaba (onde moro atualmente) buscar camisetas para revender na cidade, mesmo trabalhando na fábrica.
Depois de alguns anos, pedi demissão e tentei montar uma confecção aqui em Sorocaba, junto com um primo. Porém, não deu certo, e voltamos para a nossa cidade natal. Pedimos emprego na mesma fábrica, e, como éramos bons funcionários (hoje dizem “colaboradores”), fomos contratados novamente.
Mas a vontade de empreender nunca morreu. Tempos depois, trouxemos a família toda para Sorocaba. Chegando aqui, voltamos a costurar. Minha mãe, que fazia costura sob medida, também aprendeu a costura industrial. Compramos algumas máquinas e começamos a trabalhar para empresas de São Paulo. Trabalhávamos quase 24 horas por dia. Teve dia de precisar entregar a costura para a empresa e ficar realmente 24 horas eu e minha mãe na máquina, trabalhando e cantarolando.
Passamos alguns anos naquela dificuldade. Chegamos a ter uma equipe de costureiras, mas o valor que recebíamos por peça era muito baixo. Sobrevivíamos, mas precisávamos fazer muitas peças para ter algum lucro. Minha mãe e eu seguimos firmes. Algumas vezes, pegávamos uniformes da igreja, que davam um lucro muito bom, e isso deixava minha mãezinha feliz.
Mesmo assim, as dificuldades eram grandes. Fechamos a confecção e minha mãe continuou fazendo costuras sob medida. Fui trabalhar em outros ramos: na indústria de vidro, vendendo livros pelo Brasil, mas o sonho de ter um negócio sempre continuava.
Logo me casei e estava trabalhando em uma empresa de pás eólicas. Ali fiquei por algum tempo, até comprar meu primeiro computador. Peguei gosto pela informática, fiz um curso no SENAI de manutenção de computadores e comecei o ofício nas horas vagas. Meses depois, pedi demissão e abri meu negócio no quarto de casa. Comprei uma impressora e tirava cópias, fazia currículos, numa época em que não havia internet banda larga no bairro, apenas internet discada.
Nos sábados era uma alegria, porque a internet custava apenas um pulso. Mesmo com internet discada, alugava as horas com um único computador. Quando chegava um cliente, eu saía para ele usar. Logo mudamos de casa e pude ter uma sala separada.
Com a chegada da banda larga, começamos a crescer. Chegamos a ter 23 computadores e montamos um cyber.Começamos a prosperar. Mas, como sempre, o empreendedor precisa ter visão de futuro. Percebi que, com a popularização da internet, os cybers desapareceriam. Então, comecei a oferecer serviços online para os clientes que não sabiam mexer no computador. Com o tempo, vendi as máquinas do cyber, pois a clientela diminuiu, mas os serviços online e as manutenções cresceram, assim como a venda de acessórios.
Foi assim que a empresa Mikatech se consolidou há cerca de 23 anos. Seguimos sempre buscando novos resultados.
E agora, decidi realizar o sonho da minha própria marca de roupas, que sempre esteve guardado. Apesar das dificuldades do início, o sonho estava ali, e também era um desejo da minha mãezinha, que hoje não está mais conosco. Continuamos batalhando para empreender, mas hoje, com mais experiência. Gostaria que minha mãezinha estivesse aqui para ver isso acontecer. Tenho certeza de que ela estaria muito feliz com o que conquistamos.
Depois de muito pensar em nomes – foram mais de um mês de buscas – cheguei ao nome Miblue. O “MI” é a inicial dos nomes dos meus filhos, Mikaella e Michael, e o “Blue” vem do inglês e significa azul, que remete ao céu, onde minha mãezinha está.
Hoje, 11/01/2025, nasce a Miblue, um sonho de 35 anos atrás. É só o começo. Teremos muitas dificuldades, porque o mercado é acirrado, mas o nosso lema será entregar qualidade e uma experiência espetacular para nossos amigos clientes.
Não iremos nos preocupar com o mercado nem com os concorrentes. Vamos focar em você, amigo cliente, e na sua satisfação.
Conto com vocês nessa nova jornada! Um grande abraço e até breve.